Sailor Moon Vol. 3
Review do mangá da JBC
Depois do clifhanger da última edição, o 3º volume do mangá de Sailor Moon chega para botar fogo nessa história! Não bastasse a bela Sailor Mars na capa, ele traz os atos finais do arco do Dark Kingdom e o início da história do Black Moon, fazendo desse, talvez, o melhor volume da coleção até agora. Quer saber o que achamos? ‘Bora lá, mas cuidado com os spoilers.
Conteúdo
O capítulo começa em uma belíssima página colorida, na qual Usagi se dá conta que seu amado, embora vivo, se tornou um assecla do Reino Sombrio. Pera, Usagi, você disse “assecla”? Desde quando alguém que tira média 3 na escola conhece uma palavra como essa?
A Rainha Beryl resolve finalmente dar as caras e desafiar a Princesa da Lua, agora que Endymion está sob seu controle e de Rainha Metallia. A batalha acaba se estendendo por três capítulos, com idas e vindas ao Polo Norte, viagens rapidinhas à lua e vários sacrifícios.
A primeira a ser vencida é Beryl, depois Usagi teve que sacrificar seu amor para salvar o mundo e recuperar o poder do Cristal de Prata e, com isso, nada mais trágico do que repetir o passado e se sacrificar depois do amado (lágrimas). Sem a princesa, Luna pula pra Lua para orar e pedir ajuda à Rainha Serenity (lágrimas), enquanto as guerreiras resolvem se sacrificar na esperança de que esse poder possa trazer a princesa de volta (lágrimas).
Talvez nem precisasse tanto, já que nem Usagi e Mamoru foram atingidos de verdade pela espada sagrada, mas o que importa é que Usagi finalmente consegue controlar o Cristal de Prata e, com o apoio moral do príncipe encantado, liberar o poder da lua para selar Metallia (mais lágrimas).
Por fim, é a vez de Usagi visitar a Lua, encontrar o castelo do Milênio de Prata restaurado, receber um presentinho da Mamis da outra vida e usar seu poder para restaurar a Terra e trazer todo mundo de volta! eeeeeeee \o/ (peraí que tem mais um pouquinho de lágrimas aqui também).
Quando tudo parecia calmo e tranquilo (embora a impressão é de que mal passou uma semana), uma menina cai do céu bem em cima da cabeça de Usagi, que estava prestes a beijar Mamo-chan. E quem acaba roubando uma bitoca no moço é justo a pirralha! Não bastasse isso, ela se chama Usagi, está atrás do Cristal de Prata e aponta uma arma na cabeça da Usagi original. Bela forma de introduzir uma das personagens mais amadas e odiadas do universo de Sailor Moon: Chibiusa.
Depois da publicação orginal desse capítulo na Nakayoshi, Naoko tirou umas férias para descansar e fazer umas comprinhas (oi, Porsche), resultando em coisas ruins como os fillers no anime (oi, Ail e Ann) e muitas coisas boas como a drástica mudança de ritmo e da própria maneira de contar a história, que parece mais redondinha e bem trabalhada. Até o traço da moça ficou melhor! Pena que essa arte bonita não dura muito, mas a mudança na leitura é evidente e os acontecimentos passam a fluir muito melhor, inclusive com muito mais humor do que os dois volumes anteriores.
Os novos vilões da vez são o Clã Black Moon e eles estão atrás do Cristal de Prata e do “Rabbit”. A história tem a pegada bem fase R do anime, com ovnis, a pirralha querendo roubar o cristal e o ponto positivo de ser menos incestuosa na relação Chibiusa e Mamoru. Ufa! Dessa vez, ao invés de purificar as inimigas, são as sailors que começam a se dar mal. Mars e Mercury já foram sequestradas nesse volume, será que o destino de Jupiter e Venus vai ser o mesmo?
Edição
No aspecto geral, esse volume continua com capa linda, cores lindas, impressão linda, mas estava na hora de ter um “mas”, correto? Só elogiar é muito chato.
O “mas” dessa edição vai para a tradução e a adaptação. A tradução continua boa, mas os leitores menos experientes ou cultos podem precisar da ajudinha de um dicionário. Foram várias palavras bastante incomuns (consorte, megalíticos, sequazes). E, como já citamos antes, a Usagi é uma personagem que é descrita como sendo burrinha e que tira notas baixas na escola. Então como explicar que essa menina sabe o significado de “assecla”? Minha prima de 15 anos não sabia o que era isso, e olha que ela tira boas notas. Em compensação, outras palavras mais rebuscadas até funcionam no seu contexto ou quando ditas por algum inimigo ou pela Ami (que é um gênio com QI de 300, né).
Talvez a tradução com esse vocabulário até seja a mais fiel, mas não a mais adequada. Afinal, a Editora JBC não só traduz o mangá ao pé da letra, como também o adapta. E é nessa hora que é preciso verificar se o vocabulário é condizente com a situação e com o personagem que está falando. Tentando ver pelo lado positivo, ao menos a JBC está colaborando para formar uma geração de moonies e nerds mais cultos (y).
Além disso, seguindo a lógica da explicação dada na festa de lançamento do mangá, em 29 de março de 2014, o mangá deveria ser acessível a todos os tipos de públicos. Certo. Portanto, se essa decisão foi tomada devido a estratégias de marketing e venda, por que ela passou a ser simplesmente ignorada a partir deste volume? Se o mangá precisava ser acessível e, por isso, não manteve termos em inglês como “Dark Kingdom”, golpes e transformações, porque mudou? Será que os leitores aprenderam inglês suficiente nesses dois meses para não traduzir para o português os termos “Black Moon” e “Rabbit”? Ah! Basta ter a nota de rodapé e os leitores vão saber o que esse termo significa, mas por que eles não entenderiam isso nos volumes anteriores?
No momento em que é decidido um padrão para as adaptações de termos, é preciso segui-lo, ou vira bagunça na casa da mãe Joana. Particularmente, nós do SOS, até preferimos os termos todos em inglês, porque não vira salada de fruta e nem acontece uma tradução um pouquinho infeliz, como a de Ayakashi no Yon Shimai para Irmãs Sibilinas.
Aliás, para quem não sabe, esse é o significado de Sibilina:
1. Relativo a sibila.
2. Profetizado por sibila.
3. Ininteligível.
4. Enigmático.
5. Difícil de compreender.
Outro ponto que fica meio incongruente é quanto à tradução e adaptação de golpes. Nos primeiros volumes tivemos traduções bastante boas dos ataques, complementadas pelas notas de rodapé, explicando nome original e/ou nome da versão dublada. Já no 3º volume, tivemos uma miscelânea e a preferência por adotar nomes já utilizados na dublagem e que nem sempre foram adaptados de maneira adequada. Um bom exemplo é “Shine Aqua Illusion”, que na dublagem, e no mangá, ficou “Fulgor das Águas de Mercúrio”. Mas, cadê o “Illusion” no golpe? Ele é muito mais importante do que o “de Mercúrio”. No lugar poderíamos ter “Fulgor das Águas Ilusórias” ou “Ilusão Aquática Cintilante”. Opções é o que não faltam, basta escolher a melhor tradução/adaptação, pois foi essa a proposta que a editora nos apresentou nos primeiros volumes (embora a frase da caneta de disfarces tenha variado sempre, assim como o Akuryou Taisan da Mars).
JBC, pode seguir o padrão que vocês estavam usando nos primeiros volumes, veste a camisa e parte pro ataque! A nós, agora resta esperar as surpresas que vamos ter na tradução e adaptação do 4º volume.